Fontes renováveis atenderão mais de 90% do crescimento de demanda até 2025

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Projeção consta de relatório da Agência Internacional de Energia

Autora: Katia Ogawa

As energias renováveis serão responsáveis pelo incremento na oferta global de eletricidade nos próximos três anos, atendendo, juntamente com a fonte nuclear, mais de 90% da nova demanda, na média geral do período 2023-25. A afirmação consta do Relatório de Mercado de Eletricidade 2023, divulgado pela Agência Internacional de Energia (AIE), em fevereiro.

“A boa notícia é que as energias renováveis e nucleares estão crescendo rápido o suficiente para atender a quase toda a demanda adicional, sugerindo que estamos perto de um ponto de inflexão para as emissões (de carbono) do setor de energia. Agora, os governos precisam permitir que as fontes de baixas emissões cresçam ainda mais rapidamente para que o mundo possa garantir o suprimento de energia elétrica ao mesmo tempo que atinge as metas climáticas”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.

A expectativa é de que o crescimento médio da demanda mundial de eletricidade alcance 3% ao ano no horizonte de 2023-25, ante recuo de 2% em 2022 em meio à turbulência da crise global de energia, com a invasão na Ucrânia, e condições climáticas excepcionais em algumas regiões. Segundo Birol, “a crescente demanda mundial por eletricidade deve acelerar, adicionando mais do que o dobro do consumo atual de eletricidade do Japão nos próximos três anos”.

A demanda global de energia elétrica para 2025, estima a AIE, será de aproximadamente 2.500 terawatts-hora (TWh). O crescimento será puxado pelas economias emergentes e em desenvolvimento na Ásia. “Espera-se que mais de 70% do aumento na demanda global de eletricidade nos próximos três anos venha da China, Índia e Sudeste Asiático. Prevê-se que a participação da China no consumo global de eletricidade aumente para um novo recorde de um terço até 2025, ante um quarto em 2015. Ao mesmo tempo, as economias avançadas estão buscando expandir o uso de eletricidade para substituir os combustíveis fósseis em setores como como transporte, aquecimento e indústria”, afirma o documento da AIE.

As fontes renováveis devem expandir sua presença na matriz global de energia elétrica, passando de 29% em 2022 para 35% em 2025. A previsão é de que a geração a partir de carvão e gás natural permaneça em um patamar constante no período. Enquanto a geração a gás na União Europeia deve diminuir, o crescimento significativo no Oriente Médio compensará parcialmente essa queda. Da mesma forma, as quedas na geração a carvão na Europa e nas Américas serão acompanhadas por um aumento na Ásia-Pacífico.

Efeito clima – O clima tem cada vez mais influencia, tanto na demanda como no suprimento de energia elétrica, com destaque para eventos climáticos extremos ocorridos em 2022. São listados, como exemplo, pela Agência: seca na Europa; ondas de calor na Índia (março mais quente em mais de um século) e no centro e no leste da China; tempestade de inverno nos Estados Unidos; entre outros.

“Mitigar os impactos das mudanças climáticas requer descarbonização mais rápida e implantação acelerada de tecnologias de energia limpa. Ao mesmo tempo, à medida que a transição para energia limpa ganha ritmo, o impacto dos eventos climáticos na demanda de eletricidade se intensificará devido ao aumento da eletrificação do aquecimento, enquanto a parcela de energias renováveis dependentes do clima continuará a crescer no mix de geração. Em tal mundo, será crucial aumentar a flexibilidade dos sistemas de energia, garantindo a segurança do abastecimento e a resiliência”, diz o relatório.

Cenário brasileiro – O relatório aborda o contexto brasileiro em uma breve seção. Segundo o documento, a demanda por energia elétrica no Brasil apresentou elevação tímida em 2022, de 0,3%, mas deve aumentar cerca de 2% ao ano no período 2023-2025.

A geração hidrelétrica se recuperou em 2022 com um aumento anual de cerca de 17% após a seca mais severa do país em 90 anos e levou a uma diminuição na emissão de carbono pelo sistema de energia de 135 gCO2/kWh, em 2021, para 80 gCO2/kWh em 2022. A expectativa é de que as emissões continuem diminuindo para 30 gCO2/kWh em 2025, em decorrência da maior participação da geração de energia de baixo carbono como a hidrelétrica (55% para 63% entre 2021 e 2025) e o aumento na presença de outras fontes renováveis como a energia eólica e solar geração fotovoltaica, de 11% para 17% e 3% para 11%, respectivamente.

Acesse a íntegra do Relatório do Mercado de Eletricidade 2023

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